Como garantir a aprendizagem de qualidade em um cenário onde a maioria das escolas públicas sequer tem acesso à internet de boa qualidade?
Esse é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema educacional brasileiro. Além disso, muitos professores ainda estão no nível 2 de competências digitais, em uma escala de 1 a 5, conforme avaliação do Centro de Inovação da Educação Brasileira (Cieb).
A partir de 2025, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), organizado pela OCDE, focará em competências tecnológicas para medir o aprendizado de alunos de 15 anos.
A edição “Aprendendo no Mundo Digital” também avaliará a aprendizagem autorregulada e a investigação computacional e científica, destacando a importância das habilidades digitais no currículo escolar.Silvio Meira, em seu texto “A escola e a virtualização do aprendizado”, ressalta que, nos Estados Unidos, todas as escolas públicas e quase todas as salas de aula estarão conectadas à internet a partir de 2025, com uma média de menos de 10 alunos por computador. Esse avanço terá um custo anual de pouco mais de R$ 200 por aluno.
No entanto, o investimento em capacitação docente para enfrentar os desafios das novas tecnologias está em apenas R$ 20 por aluno/ano, muito aquém dos R$ 60 recomendados pelo Departamento de Educação dos EUA.
Como resultado, apenas 10% dos professores se sentem muito bem preparados para usar as tecnologias em sala de aula, segundo Meira.Não se trata apenas de competências digitais e novas tecnologias. Outras habilidades, como a criatividade e o pensamento crítico, são igualmente essenciais para se adaptar a esse novo ambiente.
A edição de 2022 do Pisa introduziu a mensuração do pensamento criativo, demonstrando sua relação com a proficiência em leitura, matemática e ciências. Singapura, Coreia do Sul, Canadá, Nova Zelândia, Estônia e Finlândia lideraram os resultados em pensamento criativo, com uma média de 36 pontos por aluno, enquanto a média da OCDE foi de 33 pontos. Singapura obteve 41 pontos, o melhor resultado, enquanto o Brasil ficou com apenas 23 pontos.
A importância dessas competências para o aprendizado escolar é evidente. Pesquisas mostram uma relação direta entre maiores níveis de aprendizagem e estudantes com habilidades desenvolvidas, como o pensamento criativo.
O relatório da OCDE destaca que a escola do futuro deve deixar de ser conteudista e focar em desenvolver essas competências.
É imperativo que a educação se adapte a essas novas exigências para preparar os alunos para os desafios do mundo digital.