A corrida por fora de No Ritmo do Coração, de Siân Heder, pelo Oscar de melhor filme, deu uma animada em uma competição que parecia praticamente definida, com uma vitória certa de Ataque dos Cães, de Jane Campion – independentemente da justiça ou não. Mas a verdade é que as maiores discussões da cerimônia deste ano, que ocorre neste domingo, 27, às 21h, com transmissão pelo TNT e pela Globoplay (liberada para não assinantes), não são se Penélope Cruz vai surpreender e levar a estatueta de atriz por Mães Paralelas, nem se Ari Wegner se tornará a primeira mulher a ganhar o Oscar de fotografia. E, sim, sobre a cerimônia em si.
Como praticamente todas as festas de premiação, o Oscar vem perdendo audiência. Em 2010, quando Guerra ao Terror saiu com o principal prêmio da noite, 41,6 milhões de pessoas assistiram à cerimônia. Em 2020, a vitória de Parasita foi vista por 23,6 milhões. Em 2021, caiu para 10,5 milhões – compreensível, por ter sido uma festa atípica.
Mas os números dispararam alarmes na Academia e, principalmente, no canal ABC, que transmite a cerimônia diretamente do Dolby Theatre, nos Estados Unidos. Pesquisas apontam que principalmente os millenials e os jovens da geração Z não têm mais interesse em assistir ao Oscar. Os filmes que eles assistem, afinal, não são aqueles que costumam concorrer ao Oscar, até porque o abismo entre produções populares e filmes considerados premiáveis por sua qualidade artística só aumenta. Outra reclamação é a de que a cerimônia é muito longa.
O produtor Will Packer, em conjunto com a Academia e a ABC, tomou algumas decisões. A primeira e mais controversa foi cortar da transmissão ao vivo oito categorias: trilha sonora, maquiagem, edição, design de produção, som, curta de ficção, curta de animação e curta documentário. Em entrevista coletiva nesta semana, ele disse que foi uma confusão. “Queremos que todos tenham seu momento no show. O mal-entendido foi que eles seriam retirados da cerimônia e não é verdade.” Segundo ele, a festa terá, no total, quatro horas, em vez de três. O único detalhe é que a primeira hora não será transmitida ao vivo – ou seja, na verdade, os vencedores dessas oito categorias realmente não terão a mesma oportunidade de celebração que os outros.
A melhor esperança de atrair os tão desejados jovens, porém, pode estar nas performances das canções originais. Neste ano, participam Billie Eilish e seu irmão Finneas O’Connell, com No Time to Die, e Beyoncé, com Be Alive. Também haverá Dos Oruguitas, com Sebastián Yatra, do megassucesso Encanto. E, ainda, a primeira apresentação ao vivo de We Don’t Talk About Bruno, do mesmo filme.