César Lattes: vida, obra e a injustiça do Nobel

César Lattes, nascido em Curitiba em 1924, foi um físico brasileiro de grande importância para a ciência mundial.
Graduado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1943, Lattes se destacou rapidamente no campo da física nuclear.

Aos 24 anos, participou de uma das descobertas mais significativas do século XX: a do méson pi, partícula fundamental na composição do núcleo atômico, que confirmou teorias propostas por Hideki Yukawa.

A descoberta do méson pi foi feita em 1947, em parceria com Giuseppe Occhialini e Cecil Powell, no Laboratório H. H. Wills da Universidade de Bristol. Utilizando placas fotográficas expostas aos raios cósmicos nos Andes, Lattes e sua equipe observaram e registraram as trajetórias dessas partículas, estabelecendo um marco na física de partículas.

Apesar do feito monumental, apenas Powell foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física em 1950. A omissão de Lattes e Occhialini gerou grande controvérsia. Especialmente porque Lattes foi essencial para a identificação e entendimento do méson pi.

Ele desenvolveu métodos inovadores para a emulsão fotográfica usada na detecção das partículas e foi pioneiro em conduzir experimentos que permitiram a confirmação da existência do méson em laboratórios nos Estados Unidos.
Lattes retornou ao Brasil em 1948 e ajudou a fundar o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), tornando-se um dos pilares da física no país.

Ele também lecionou na USP e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), contribuindo para a formação de novas gerações de cientistas.
Ao longo de sua carreira, Lattes recebeu inúmeras honrarias, incluindo o Prêmio Bernardo Houssay e o Prêmio México de Ciência e Tecnologia. Contudo, a ausência do Nobel permanece uma mácula na história do prêmio e uma injustiça que muitos acreditam jamais ter sido corrigida.

A exclusão de Lattes do Nobel reflete um reconhecimento insuficiente do papel crucial dos cientistas de países em desenvolvimento nas grandes descobertas científicas.

Lattes faleceu em 2005, mas seu legado perdura. Ele é lembrado não apenas por sua contribuição científica, mas também por seu papel na promoção da ciência no Brasil e por sua dedicação à educação.

Sua vida é um testemunho da importância de reconhecer o trabalho colaborativo e a injustiça de negligenciar contribuições essenciais, independente da nacionalidade.

César Lattes permanece um ícone da ciência brasileira e um exemplo da luta por reconhecimento justo na comunidade científica internacional.

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