Até hoje, meus referenciais de caminhoneiro eram ‘Pedro e Bino’, aqueles heróis das estradas, tão bem retratados nos episódios de ‘Carga pesada’ (uma antiga série da TV Globo). A dupla dinâmica enfrentava toda sorte de inimigos nas estradas: de ladrões de cargas e maridos enciumados.

Difícil esquecer a música de abertura da série, ‘Frete’, tão bem interpretada por Renato Teixeira. “Eu conheço cada palmo desse chão. É só me mostrar qual é a direção. (…) Eu conheço as minhas liberdades, pois a vida não me cobra o frete”. Uma canção aventureira, mas também de alerta para os riscos…

O Brasil de Pedro e Bino conseguiu parar o Brasil de todos nós. Desde semana passada que o País está parado. Não há combustíveis nos postos. Não há ônibus nas ruas. Falta comida nos supermercados. Falta serviço de saúde em clínicas e hospitais. Escolas e faculdades fecharam. Serviço público está pela metade…

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta segunda-feira que a redução do preço do diesel terá um custo de R$ 9,5 bilhões no Orçamento deste ano, que será coberto por uma sobra de R$ 5,7 bilhões que o governo tem em relação à meta de déficit primário, além de um corte de despesas de R$ 3,8 bilhões.

Penso que a pauta de reivindicações dos caminhoneiros é profundamente necessária. O que todos estamos a perguntar é quem está colhendo os dividendos dessa luta e quem vai pagar o rombo de R$ 9,5 bilhões. Voltando à série ‘Carga pesada’, Pedro certamente gritaria para o parceiro: “É cilada, Bino!!!”.