A importância da educação familiar está sendo deixada de lado nos últimos tempos. O que muitos falam, há 20 anos pelo menos, que estamos formando gerações de adolescentes e jovens sem controle ou sem os conceitos de respeito e gentileza, agora se comprova pelos inúmeros casos de violência, desajuste emocional e banalização de crimes graves.
Não é para ser saudosista ou buscar um passado mais cheio de rigor e proibições, mas vale ressaltar que nos últimos anos, muito se perdeu na questão familiar. O que pai ou mãe nos falava, ensinava e geralmente nos cobrava era uma forma de nos transformar em cidadãos de bem, homens e mulheres com conceitos de civilidade acentuado.
O respeito aos mais velhos, a gentileza ao tratar com mulher, idoso, criança, portador de deficiência era questão inquestionável.
Hoje, basta entrar em um ônibus coletivo, por exemplo, para assistirmos adolescentes, jovens estudantes ou homens e mulheres saudáveis sem o menor pudor em demonstrar uma mínima gentileza. Mesmo com a recomendação expressa para ceder lugar para idosos, mulheres gestantes ou portadores de deficiência.
É constrangedor ver senhoras idosas quase caindo no meio dos veículos, enquanto jovens ocupam os lugares reservados para um grupo especial. A educação aí não passa por nível de escolaridade ou classe social.
A falta de gentileza e consciência vem de casa, nasce no seio da família, nos ensinamentos de pai, mãe, tias, avós… Somos muitas vezes na rua, um reflexo do que somos em nossos lares. E se hoje se perdeu o respeito até pelos pais, como esperar que se tenha por estranhos?
Mas o caso é muito mais grave que apenas não ceder um acento aos idosos, por exemplo. A falta de sentimento de humanidade é mais ampla em nosso país. A crescente onda de violência que vem assolando o Brasil tem mostrado que se perdeu há muito o conceito de civilidade.
É preciso uma grande campanha nacional pela paz, pela gentileza e pela volta dos conceitos básicos de amor ao próximo. Se faz urgente que todos tenhamos em mente que gentileza gera gentileza e é preciso socorrer um irmão, ajudar um cidadão na rua, não buscar brigas, não incentivar atos violentos ou cometer crimes como os tão falados feminicídios, que são assassinatos cometidos contra mulheres.
Esta semana, João Pessoa foi assolada pelo assombroso caso de abuso sexual cometido contra crianças dentro de uma escola particular. O que se pergunta, após a revolta, é onde estão os pais destas crianças (vítimas e agressores) que não conversam com seus filhos para orientá-los sobre o que é certo ou errado? Onde estavam os responsáveis pela escola que não se atentaram para os atos infracionais ocorridos em suas dependências? O que está sendo ensinado para esses jovens?
O que falta hoje é o sentar e conversar. É o olho no olho de pai e filho. É o diálogo franco com a mãe, com uma tia, uma avó ou qualquer adulto sensato que possa aconselhar os menores sobre os perigos da vida e as regras de convivência em sociedade.
Falta o carinho, o papo descontraído e a intimidade no seio familiar. As tecnologias são necessárias, mas ainda não são capazes de substituir satisfatoriamente o contato pessoal entre os membros de uma família.