A educação positiva surgiu como uma reação aos métodos opressivos tradicionalmente utilizados na educação infantil e adolescente. Em oposição a práticas abusivas, como castigos físicos e gritos, a educação positiva busca criar um ambiente de respeito e diálogo. No entanto, a linha entre ser respeitoso e permissivo é muito tênue, e muitos educadores e pais estão perdendo de vista a importância de estabelecer limites claros para as crianças e adolescentes.
Dentro da visão da educação positiva, todo diálogo deve ser encorajado, mas isso não implica uma renúncia às regras e à disciplina. Maya Eigenmann, neuropedagoga, ressalta que os adultos devem guiar as crianças, proporcionando a segurança de uma figura de autoridade confiável. “Não podemos nos abster de nossas responsabilidades; as crianças precisam de um adulto como referência e não de um amigo que aceita tudo”, enfatiza Eigenmann.
A educação positiva não deve ser confundida com permissividade, pois a ausência de limites pode prejudicar o desenvolvimento das crianças, levando à falta de autocontrole e ao desrespeito pelas normas sociais.
A problemática da permissividade se acentua no ambiente escolar. A professora Rebeca Café, , observa que o excesso de liberdade em casa pode afetar negativamente o comportamento das crianças na escola.
Acostumadas com uma atmosfera de constante negociação em casa, muitas crianças esperam o mesmo tratamento no ambiente escolar e não aceitam bem regras inegociáveis, como o término do recreio ou a necessidade de cumprir prazos. “Isso tem desgastado a equipe docente, já sobrecarregada com outras demandas educacionais e burocráticas”, relata a professora de São Paulo.
A falta de limites claros pode levar a comportamentos desafiadores e à incapacidade de lidar com frustrações. Em um ambiente onde tudo é negociável, as crianças podem ter dificuldades em aceitar as consequências de suas ações. Isso não apenas prejudica o processo educativo, mas também afeta a dinâmica da sala de aula e a capacidade dos professores de manter uma disciplina saudável.
Para que a educação positiva funcione efetivamente, é crucial que os adultos saibam equilibrar o respeito pelo diálogo com a imposição de regras claras e consistentes. A construção de um ambiente de respeito não exclui a necessidade de disciplina e de limites bem definidos.
Quando bem aplicada, a educação positiva pode promover o desenvolvimento emocional e social das crianças, preparando-as para lidar com os desafios da vida de maneira equilibrada e responsável.
A educação positiva não deve ser vista como uma ausência de disciplina, mas como um método que valoriza o respeito e o diálogo, sem abrir mão da autoridade e da responsabilidade dos adultos em guiar as crianças e adolescentes.