Milhões de estudantes se inscreveram para a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mais de cinco milhões de inscrições!!! Mas, sabemos todos, o índice de abstenção este ano foi cavalar. Estatísticas históricas que dizem muito a respeito do tempo que estamos vivendo.
Este ano, foram 5.523.029 inscritos para a versão impressa tradicional, dos quais 51,5% não compareceram no dia da prova. É a maior taxa de abstenção da história do Enem, que já tem duas décadas. A edição que mantinha esse recorde até então era a de 2009, ano em que o índice de faltas foi de 37,7%.
No caso do Enem Digital, os números são ainda piores: o primeiro dia de aplicação da versão digital registrou a ausência de 68,1% dos 93 mil candidatos inscritos. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ao todo, 29.703 candidatos fizeram as provas.
E qual o porquê de números tão altos de faltosos??? Há quem responda que o fato de muitos alunos não terem recebido a preparação adequada nas escolas da rede pública pode ser uma explicação. Estudantes inseguros com o nível de preparação teriam desistido de fazer as provas do Enem.
Verdade. É uma das respostas possíveis… Mas, minha experiência na área de educação me diz outra coisa. O índice de abstenção não se explica pelo sentimento de despreparo e sim pelo medo. Isso mesmo. Medo!!! Muitos estudantes deixaram de fazer as provas porque sentiram medo de ir até um dos locais de provas.
E sabemos todos quem são os responsáveis pelo clima de medo exacerbado: a imprensa e políticos mal-intencionados. Precisamos de prevenção sim, mas espalhar esse clima de medo frente à pandemia do coronavírus é um ato terrorista. A institucionalização do medo tem transformado nossas vidas em abstenção…
Em tempos de pandemia, a falta de emprego e renda também mata. Os bolsos de muitos trabalhadores informais está vazio. As contas de muitos trabalhadores autônomos também estão vazias. Bolsos vazios de dinheiro e almas cheias de medo. Um medo – não se enganem – que também tem um propósito político… Tenhamos coragem!!!