Festas e verão devem causar maior impacto nas mortes que início da pandemia

O coronavírus está a toda,no Brasil

As festas de fim de ano e o verão terão impacto maior nas mortes causadas pelo novo coronavírus do que o início da pandemia, em março. Especialistas preveem pico como consequência dos encontros e aglomerações na reta final de 2020 e início do próximo ano.

A previsão vale para todos os Estados brasileiros. A análise, porém, tem São Paulo como base, estado com uma série de restrições no fim de ano. No domingo, a taxa de isolamento social esteve em 49%, conforme balanço desta segunda-feira (28). No dia seguinte, o índice caiu para 42%.

Nesta terça-feira (29), o Brasil voltou a registrar mais de mil mortes em 24 horas devido à covid-19. Foram 1.075, maior número contabilizado desde 15 de setembro.

Até domingo, o estado havia retornado à fase vermelha, com restrições rígidas para evitar a proliferação da doença —liberação somente de serviços essenciais, como mercados e farmácias, e fechamento do comércio em geral. No entanto, mesmo com fechamento do comércio, as praias do litoral paulista estavam repletas de turistas ao longo do Natal e do fim de semana. De segunda até quinta, no entanto, o estado voltou à fase amarela, de restrição menos severa. 

“A perspectiva para janeiro é muito ruim”, diz Paulo Lotufo, professor de epidemiologia da Universidade de São Paulo. A explicação está justamente nas idas às praias, por exemplo. Quem sai da capital corre o risco de levar o vírus principalmente para quem trabalha nos pontos turísticos, como quiosques. Estar na praia, em tese, não é exatamente o problema. Caso a presença de um elevado número de pessoas fosse de moradores locais, com respeito ao distanciamento social, a questão nem seria tão grave, diz o especialista. O ponto central é envolver o trânsito de turistas.

O impacto será sentido, a princípio, nas cidades litorâneas. “Os prefeitos fingem não saber: quem vai se contaminar são os trabalhadores, moradores das cidades. Então, daqui um tempo, eles terão uma quantidade muito grande de pessoas infectadas, doentes, por todo esse fluxo de turistas”, explica Lotufo. Para o professor, estarmos à beira de um processo mais complicado do que o início da pandemia. Isso se deve ao fato de todas as cidades aumentarem casos e mortes de forma simultânea. Em março, segundo a análise de Lotufo, a proliferação aconteceu de forma gradual e parte dos municípios tomou suas precauções antes dos primeiros casos.

 

Transcrito do uol.com.br, com alterações no texto

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