Trump tentou passar a perna na democracia, mas não levou
“Eu só quero encontrar 11.780 votos porque nós ganhamos o estado.” Na expressão do desespero do presidente Donald Trump estava implícita também a ameaça ao secretário de estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, para reverter o resultado das urnas em seu favor. Por telefone, durante uma hora, mais uma vez o presidente americano tentou intimidar uma autoridade de seu próprio partido, para atender aos seus próprios interesses.
Em outra frente, uma tropa de conspiradores articulada por Trump tentará, na quarta-feira (6), tumultuar no Congresso o processo de certificação do presidente eleito, Joe Biden, e perpetuar entre a base leal ao presidente a tese de que a eleição foi roubada.
Numa sessão conjunta que tradicionalmente se traduz como mera formalidade, uma dúzia de senadores e 140 deputados republicanos pretendem encenar um espetáculo político deprimente que, desde já, se anuncia como fracassado: atrasar a ratificação de Biden como presidente dos EUA para uma auditoria das alegações infundadas de fraude maciça.
A maioria democrata na Câmara e um grupo de republicanos, que não lê a mesma cartilha do presidente, certamente impedirão o desfecho almejado pela ala dos fiéis de Trump. Biden será declarado o 46º presidente dos EUA, mas o efeito devastador desta eleição ainda pairará, por um bom tempo, sobre o país.
Os 50 estados já certificaram o resultado eleitoral, e cerca de 60 contestações à vitória de Biden foram rejeitadas por tribunais americanos. Ainda assim, Trump se mostra irascível com a derrota, como é comprovado no áudio vazado pelo jornal “Washington Post” do diálogo com Raffensperger.
Transcrito do G1.com.br