O ‘jogo sujo’ da Câmara dos Vereadores de Cabedelo

Uma das regras mais claras do futebol diz respeito à quantidade mínima de jogadores em campo para que o jogo possa acontecer. As partidas sempre começam com 11 jogadores de cada lado, mas há sempre o risco de expulsão de algum atleta (por desrespeito às regras).

Assim, a regra do futebol exige que ambas as equipes tenham, pelo menos, sete jogadores em campo, para que o jogo não seja – obrigatoriamente – suspenso. O limite de expulsão – para que o jogo possa continuar – é de oito atletas.

A história do futebol mostra alguns poucos casos onde equipes em desvantagem numérica no placar e com jogadores expulsos forçaram novas expulsões de atletas para que o jogo fosse suspense e se ganhasse tempo para um novo embate.

Essa estratégia nociva e desprovida de caráter faz lembrar o que está acontecendo na Câmara dos Vereadores de Cabedelo, onde a admissão de cassação do ex-prefeito Leto Viana. Ele e outras 10 pessoas foram presas PF em operação sobre esquema de corrupção na Prefeitura.

Já foram feitas duas tentativas de votação. Mas, manobras terminam por adiar a votação de algo tão importante para a cidade. Há um quê de cumplicidade frente ao suposto ato de corrupção. Apenas dois vereadores foram contra o adiamento.

O regimento interno da casa afirma que é preciso ser titular do mandato para compor comissões permanentes, e para admitir o processo de impeachment do ex-prefeito, é preciso ser votado por uma comissão.

Com o afastamento de 10 vereadores, acrescido de mais um quando o atual presidente da Casa, Vitor Hugo (PRP), assumiu a Prefeitura de Cabedelo, sobraram apenas quatro titulares na Casa.

Só que a presidente não pode compor comissão e um outro pediu licença do mandato. Restaram dois. Para compor uma comissão, sem incluir suplentes, seriam necessários três vereadores (presidente, relator e secretário).

Os parlamentares seguiram o parecer da assessoria jurídica do Legislativo. O documento elaborado por Vandalberto Carvalho sugeriu que seja enviado ao Tribunal de Justiça um ofício solicitando cópia das provas contra o gestor (apontado como líder do esquema de corrupção).

A primeira tentativa de votação da admissibilidade ocorreu no dia 15 de maio. A presidente interina da Casa, Geusa Ribeiro (PRP), no entanto, decidiu por questão de cautela remeter o processo, com mais de 600 páginas, a assessoria jurídica da casa.

O regimento interno da casa afirma que é preciso ser titular do mandato para compor comissões permanentes, e para admitir o processo de impeachment do ex-prefeito, é preciso ser votado por uma comissão.

Não há número mínimo de ‘jogadores em campo’. O pedido de licença de mandato fez com que a Câmara se colocasse em uma posição vergonhosa frente às necessidades da população de Cabedelo e defronte aos apelos por justiça. Parece ‘jogo sujo’…

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