Pastor Sérgio questiona: por que igrejas fechadas e bares abertos?
O pastor Sérgio Queiroz, um dos líderes espirituais evangélicos mais respeitados da Paraíba, questionou parte das medidas restritivas adotadas pelo governador João Azevedo e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, de enfrentamento ao coronavírus.
O questionamento do religioso se deu em forma de vídeo, que imediatamente viralizou pela internet, a rede mundial de computadores.
Antes de tudo, porém, ele disse que é totalmente solidário a com as famílias enlutadas e com aquelas que estão lutando contra a doença. E, também, que é favorável às medidas de maior controle, para que a pandemia não alcance níveis mais elevados.
Neste sentido, prosseguiu o pastor Sergio, “quero parabenizar todos aqueles que estão lutando para reduzir o pico da contaminação”
A principal questão levantada por ele diz respeito ao fato de as medidas permitirem bares, por exemplo, que restaurantes, shoppings permaneçam abertos enquanto as igrejas estão proibidas de realizarem seus cultos.
Sobre este aspecto, o pastor manifestou-se indignado: “Aqui, a minha indignação. Porque esse tratamento com as igrejas é, antes de tudo, inconstitucional, viola a liberdade de culto; também tem um tratamento não isonômico. Até por amor ao debate, digamos que tudo fosse fechado. Mas por que apenas as igrejas, enquanto outros segmentos continuam abertos?”
A certa altura, o pastor Sérgio fez uma colocação difícil de rebater: “O que é mais fácil, contaminar-se ao redor de uma mesa de bar, onde todos estão sem máscaras, ou em uma celebração, com os devidos afastamentos, com a quantidade reduzidas de pessoas e todas elas todo o tempo com as máscaras?”.
Para o Sérgio Queiroz, a maneira como as igrejas estão sendo tratadas, nesse processo, é como se elas fossem a razão do problema, as culpadas pelo aumento da pandemia.
Nestes novos normativos estadual e municipal, ele observou, “nós temos, por exemplo, a possibilidade de aberturas de ouras áreas do comércio, do setor da economia, como shoppings, bares, restaurantes, enquanto as igrejas estão proibidas de abrir as portas. Estão proibidas de ter celebrações com menos pessoas, seguindo todos os padrões de segurança sanitária.”
No entendimento do religioso, neste momento cabe uma reflexão: “Liberdade às vezes vão sendo tolhidas aos poucos e funcionam como uma rachadura numa barragem. Quando se vê, a barragem já rompeu e tudo se perdeu. Foi assim que aconteceu em Brumadinho. Aquela barragem não caiu de uma hora para outra. Começou com as rachaduras. E, a propósito, falo exatamente desse tolhimento de direitos”.
“Alguns podem questionar que não estou sendo insensível e que não estou sendo solidário. A solidariedade que foi apresentada por alguns líderes cristãos em João Pessoa é louvável. A solidariedade da Igreja Católica em decidir que não haveria mais celebrações, missas; de alguns pastores que também não queriam transmitir online é um ato muito importante. Mas, uma coisa é o ato de solidariedade que parte de uma decisão pessoal dentro de contextos específicos e outra é a imposição do direito, é a coação jurídica para impedir que a liberdade religiosa seja expressada, ainda que com os devidos controles”.
O pastor também questiona: “Por que, então, senhor governador, senhor prefeito – a quem devo total respeito, e como pastor, devo honrar, como diz as Escrituras – pessoas podem estar ao redor de uma mesa de bar, sem mascaras, porque ninguém come com máscaras, e poucos fiéis não podem er o direito de estarem nas suas pequenas igrejas?”