Dia desses, no calçadão da praia do Cabo Branco, em João Pessoa, onde costumo caminhar diariamente, encontrei um amigo das antigas. Em menos de cinco minutos de conversa, ele me contou como foi a aventura de – nos últimos 30 anos – ter conhecido mais de países em viagens pelo mundo.
Falou-me, com uma certa ostentação e um punhado de arrogância, que era impossível ser feliz sem conhecer o exterior. Defendeu – com unhas e dentes – que a felicidade estava à venda em uma loja de Nova York e que a mesma felicidade poderia ser devorada em um restaurante europeu.
Após concluir a sua lista de países visitados e, diante de meu silêncio sorridente, perguntou-me sobre minha vida e onde eu morava. Expliquei para ele onde eu morava e dei alguns pontos de referência. Ele apenas abanava a cabeça e apertava os olhos. Não conhecia um ponto de referência sequer.
Meu amigo super viajado e que já visitara dezenas de países não conhece o bairro onde faz caminhadas. Longe do calçadão, é capaz de se perder entre as ruas dos bairros da orla. Pensando bem, esse meu amigo não conhece é nada. Não conhece nem a ele mesmo…